¿ Onde se achará, Snr., no mundo um mau que assim saiba, e assim possa reprimir a sua malícia ? ¿ E por que se não acabará de crer que é bom, quem por tantas obras, e por tantos anos o tem mostrado ?
¿ Que maldade não comete, quem contra um proceder tam justificado pretende opôr sombra de maliciosos pensamentos ?
Dou todos por testemunhas da moderação com que levo meus trabalhos.
¿ Acaso vêr-me enterrado vivo, no melhor da minha idade, quando pudera esperar possuir o que vejo desperdiçar aos outros, tirou alguma hora de mim uma só queixa, uma só palavra impaciente ?
Vendo encaminhar a uma total ruína minha justiça, e tendo por certo havia pessoas, que folgariam de ma não achar, e chegando a tanto, que ma não acharam, ¿ foi porventura tamanha causa bastante para que eu quebrasse êstes cadeados de bons respeitos que voluntàriamente havia lançado em minha própria bôca ?
Cansei a V. Majestade alguma hora, com petições de melhoras, ou alívio de prisão, senão que padecendo meus males, e trabalhos, me acomodei sempre de tal sorte com prisão que V. Majestade me assinou, que já pode ser que pela conformidade com que a levava, houvesse quem dessa temperança quisesse fazer artifício.
¿ Ouviu alguém o meu nome antes de agora pelos tribunais, acusado de algum delito ?
Esta observação é um dos incentivos que mais estimula a meus contrários, a fazerem hoje contra mim todo o esfôrço da sua malícia.
Sabem, que livrando-me Deus desta acusação, não