tissemos para entre os casados algum artificio, dissera ser boa regra para a mulher, mostrar-lhe que com o marido podia tudo, sen que pudesse realmente mais do que fosse razão.
Saiba, todavia, a mulher sisuda, que deve honrar a quem seu marido honra; e o homem honrado, que a ninguém deve dar aso que a sua mulher perca o respeito.
Não se nega que a um, e a uns criados possa ter o senhor melhor vontade, segundo o que cada qual se avantajar em serviços, e merecimentos. A regra geral deste negócio é que de se favorecer o criado que muito merece, ninguém se escandaliza; de ver acrescentar sem ordem aquele, que todos conhecem por inútil, todos suspeitam mal. Isto é nos senhores, isto nos grandes, isto nos reis.
A escolha de criados, sendo sempre necessario que se faça com consideração, o mais para a casa dos casados. Os que se prezani de valentes, são ruidosos; os músicos, inquietos; os namorados, inficts; os lindos, impertinentes. Homens limpos, bem criados, amigos de honra, são a propósito; e estas suas melhores partes.
Taxe o número à fazenda (como já das criadas sa tear dito). A razão pede uma continua igualdade na casa do homem sisudo. Nesta parte dispensára fàcitmente, quando a ocasião requeresse contra a igualdade. Bodas, filhos, cargos, alegrias públicas, pedem vantagem na familla; que tan pouco passado aquele temps seria defeito aguarentá-lo, e o seria passar por estas cousas sem algum novo luzimento; porque o mundo, com quem vivemos, como tomou o sabor dos pensamentos dos homens, não julga aquela temperanga por prudéacia, schao por avafeza.