Encontrarias talvez mais formusura — ainda que em outro tempo me disseste que me não faltava gentileza, — mas nunca acharias tanto amor… e tudo o mais é nada.
Deixa de encher as tuas cartas de ociosidades: não me escrevas que me lembre de ti.
Eu não posso esquecer-te, nem tam pouco me esqueço da esperança, que me déste, de vir passar comigo algum tempo.
Ah! ¿porque não queres tu passar assim tôda a vida?
Se me fôsse possível sair desta amaldiçoada clausura, não esperaria certo em Portugal o cumprimento das tuas promessas; mas partiria desconcertadamente a buscar-te, seguir-te, e amar-te por todo o mundo.
Não ouso lisonjear-me desta possibilidade, e não quero nutrir uma esperança, que me daria seguramente algum gôsto, pois só quero ser sensivel aos meus pesares.
Confesso, todavia, que meu irmão, oferecendo-me uma ocasião de escrever-te, causou-me a surprêsa de alguma sensação de alegria, e suspendeu por um instante a desesperação em que estou.
¿Conjuro-te de dizer-me para que te aplicaste com tanta eficácia a encantar-me, como fizeste, sabendo mui bem que devias abandonar-me?
Ah! dize, ¿porque motivo te assanhaste em fazer-me desgraçada?
¿Porque me não deixaste tranqüila no meu claustro?
¿Que injúria ou mal te havia eu feito!?
Mas perdôa.
Não te imputo culpa alguma.