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CARTAS DE AMOR

amor, e sem o mais leve pensamento de ter feito alguma façanha, a razões maiores do que as que pudéram obrigar-te a deixar-me…

Tôdas me teriam parecido mui fracas, e nenhumas teriam tido a fôrça de arrancar-ne de teu lado…

Mas tu quiseste aproveitar os pretextos que pudeste achar para voltar a França…

Um navio partia…

Deixá-lo partir!…

A tua família te havia escrito…

¿Ignoras tu as perseguições que eu sofri da minha?…

A honra obrigava-te a me abandonar…

¿Curei eu da minha?…

Tinha obrigação de ir servir o teu rei…

Se tudo que dêle dizem é verdade, podia escusar os teus serviços, e saberia desculpar-te.

Teria sido nímiamente afortunada se juntos tivéssemos passado a vida; mas já que era forçoso que uma ausência cruel nos separasse, parece-me que devo sentir grande satisfação de não ter sido infiel, e não quisera, por quanto há no mundo, ter cometido uma acção tam feia…

Como!… Conheceste o fundo do meu coração e extrêmo da minha ternura, e pudeste resolver-te a deixar-me para todo sempre, e a expôr-me aos sustos que devem assaltar-me do teu esquecimento, ou ao receio de que me lembres sòmente de mim para sacrificar-me a uma nova paixão?!…

Bem vejo que te amo como uma louca.

Contudo não me queixo de todos os ímpetos violentos do meu coração.

Habituo-me às suas perseguições, e mal podería vi-