depois que os teus injuriosos procedimentos me fizeram a tua pessoa odiosa.
A altivez, própria do meu sexo, não me ajudou a tomar estas resoluções contra ti.
Ai de mim!
Tenho sofrido os teus desprezos, teria suportado o teu ódio, e até o negro ciúme que me causasse a tua afeição para outra; pois teria tido ao menos alguma paixão com que pelejar, mas a tua indiferença me é insuportável!…
As tuas impertinentes protestações de amizade e os ridículos cumprimentos da tua última carta me fizeram ver que tinhas recebido tôdas as que te escrevi, que não moveram no teu coração nenhuns afectos, e que todavia as lêste!…
Ingrato!…
Tal é ainda a minha loucura, que me desespero por não poder lisonjear-me que elas não chegassem até aí, ou que não te fôssem entregues.
Detesto a tua lhaneza…
¿Porventura tinha-te pedido de me participares singelamente a verdade?…
¿Porque me não deixavas as ilusões da minha paixão?…
Bastava não me escrever: eu não procurava ser alumiada e desenganada.
¿Não é grande desdita a minha, quando vejo que não pude obrigar-te sequer a usar de alguma precaução, para continuar a trazer-me em doce engano, e que assim não sei mais como desculpar-te?…
Sabe pois que percebo enfim seres indigno de todos os meus sentimentos, e conheço tôdas as tuas ruins qualidades.