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A flor aberta e fresca, a pedra bronca e rude,
De uma vida melhor e nova juventude.

Minh'alma adivinhou a origem do teu ser;
Quiz cantar e sentir; quiz amar e viver;
Á luz que de ti vinha, ardente, viva, pura,
Palpitou, reviveu a pobre creatura;
Do amor grande, elevado, abriram-se-lhe as fontes;
Fulgiram novos sóes, rasgaram-se horisontes;
Surgiu, abrindo em flor, uma nova região;
Era o dia marcado á minha redempção.

Era assim que eu sonhava a mulher. Era assim:
Corpo de fascinar, alma de cherubim;
Era assim: fronte altiva e gesto soberano,
Um porte de rainha a um tempo meigo e ufano,
Em olhos senhoris uma luz tão serena,
E grave como Juno, e bella como Helena!
Era assim, a mulher que extasia e domina,
A mulher que reune a terra e o céu: Corinna!

Neste fundo sentir, nesta fascinação,
Que pede do poeta o amante coração?
Viver como nasceste, ó belleza, ó primor,
De uma fusão do ser, de uma effusão do amor.