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Tu que, como a illusão, entre névoas deslisas
Aos versos do poeta um desvellado olhar,
Corinna, ouve a canção das amorosas brisas,
Do poeta e da luz, das selvas e do mar.


AS BRISAS.


Deu-nos a harpa eolia a excelsa melodia
Que a folhagem desperta e torna alegre a flor,
Mas que vale esta voz, ó musa da harmonia,
Ao pé da tua voz, filha da harpa do amor?

Diz-nos tu como houveste as notas do teu canto?
Que alma de serafim volteia aos labios teus?
Donde houveste o segredo e o poderoso encanto
Que abre a ouvidos mortaes a harmonia dos céus?


LUZ.


Eu sou a luz fecunda, alma da natureza;
Sou o vivo alimento á viva creação.
Deus lançou-me no espaço. A minha realeza
Vae até onde vae roeu vivido clarão.