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Do que alli, ao ar livre, entro os perfumes
Da florente estação, imagem viva
De teus cortados dias, e mais perto
        Do clarão das estrellas.

Sobre teus pobres e adorados restos,
Piedosa a noite, alli derramaria
Do seus negros cabellos puro orvalho;
Á borda do teu ultimo jazigo
Os alados cantores da floresta
Iriam sempre modular seus cantos;
Nem lettra, nem lavor de emblema humano,
Relembraria a mocidade morta;
Bastava só que ao coração materno,
Ao do esposo, ao dos teus, ao dos amigos,
Um aperto, uma dôr, um pranto occulto,
Dissesse: — Dorme aqui, perto dos anjos,
A cinza de quem foi gentil transumpto
        De virtudes e graças.

Mal havia transposto da existencia
Os dourados umbraes; a vida agora
Sorria-lhe toucada dessas flores
Que o amor, que o talento e a mocidade
        Á uma repartiam.