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J. de Alencar

Assim, docemente embalado pela idéa de vêl-a e pelo marulho das ondas, com os olhos fitos na estrella da tarde, que ia sumir-se no horizonte e me sorria como para consolar-me, senti á pouco e pouco fecharem-se-me as palpebras, e dormi.

Quando accordei, minha prima, o sol derramava seus raios de ouro sobre o manto azulado das ondas: era dia claro.

Não sei onde estavamos; via ao longe algumas ilhas: o pescador dormia na prôa, e resonava como um boto.

A canôa tinha vogado á mercê da corrente: e o remo, que cahira naturalmente das mãos do velho, no momento em que elle cedêra á força invencivel do somno, tinha desapparecido.

Estavamos no meio da bahia, sem poder dar um passo, sem poder mover-nos.

Aposto, minha prima, que a senhora acaba de dar uma risada, pensando