Página:Cinco Minutos.djvu/16

Wikisource, a biblioteca livre
CINCO MINUTOS
11

exame que tentára á principio aproveitando-me da luz furtiva de algum raro lampião acceso: porém ainda d’esta vez foi baldado; estava tão bem envolvida no seu mantelete e no seu véo, que nem um traço do rosto trahia seu incognito.

Mais uma prova! Uma mulher bonita deixa-se admirar, e não se esconde como uma perola dentro da sua ostra.

Decididamente era feia, enormemente feia!

N’isto ella fez um movimento entreabrindo o seu mantelete, e um bafejo suave de aroma de sandalo exhalou-se.

Aspirei voluptuosamente essa onda de perfume, que se infiltrou em minha alma como um effluvio celeste.

Não se admire, minha prima, tenho uma theoria á respeito dos perfumes.

A mulher é uma flôr que se estuda, como a flôr do campo, pelas suas côres, pelas suas folhas e sobretudo pelo seu perfume.