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A traducção do Cinque Maggio não è de certo a primeira distracção poetica em que S. M. tem empregado os lazeres do seu grave officio de reinar. Entre esses tralbalhos, conta-se uma versão do grego, nada menos que o Prometheu de Eschylo, de que o fallecido Dr. Duque-Estrada Tefxeira leu trechos em duas conferências da Glória,[1] Diz-se ter tambem trasladado o V canto do Inferno, o formoso episodio de Francisca de Rimini, versão á qual gratos rumores segredam discretos applausos.[2]


  1. V. noticia d'essas conferências no Jornal do Commercio de 5 de Maio de 1874, p. 3, col, 6a, e de 23 de Junho do mesmo anno, p. 4, col. 1a.
  2. Vem de longe a sua predilecção pela obra do summo poeta florentino. « Suppomos não commetter censuravel imprudencia, reproduzindo alguns juizos por S. M. enunciados, n'um daquelles quasi familiares colloquios litterarios, que tanto e tão nobrementeo deliciam. Assim se exprime um seu elegante biógrapho no Futuro, periodico fundado nesta cidade por F. X. de Novaes. E depois de revelar em muito conceituosas phrases a opinião do Imperador ácerca das a mais fidalgas producções do engenho humano », eis as palavras que, em referencia á epopéa dantesca, elle attribue ao e « inperial orador »
    O, em todos os sentidos, primeiro poema da lingua italiana, a Divina Comedia, é das mais extraordinarias concepções. Affastados por mais de seis seculos daquelle idioma, daquellas allusões, daquellas obscuridades, que já no seu tempo o eram, não saboreâmos hoje a Trilogia, como fóra para desejar; mas por tal arte me enleva a sua leitura, que conservo de memória os mais notaveis de seus cantos. »— Futuro, I anno, pp. 48 a 50. (1º de Outubro de 1862.)
    A biographia, por causa das iniciaes J. P. de C., é attribuida por alguns a uma dignidade da egreja; porėm outros (acaso sob melhor fundamento ?) julgam-n'a de penna mais levantada.