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e idiotismos equivalentes aos latinos.

Oxalá que este ensaio que fazemos com a versão dos COMENTÁRIOS de César, superior por ventura às nossas forças, sirva de estímulo aos professores e literatos brasileiros e portugueses para nos enriqueceram com boas traduções do latim e grego, de que é pobríssima a literatura portuguesa, base e parte essencial de nossa nascente literatura.

É engano manifesto supor que as traduções, as dignas deste nome entende-se, são trabalhos meramente secundários, impróprios para ocupar os bons engenhos, e sem influência na literatura de qualquer país, ou que esta só deve constar de obras originais. Há traduções que valem bem excelentes obras originais, e são mui superiores às medíocres, em pureza de linguagem e perfeição de estilo. Tais são, por exemplo, do latim — a tradução ou paráfrase dos Salmos de David pelo padre Antonio Pereira de Souza Caldas; — a tradução de diversas Metamorfoses de Ovidio por Bocage; — a continuação da tradução das mesmas metamorfoses pelo distinto poeta, A. Feliciano de Castilho; — a tradução das obras completas de Virgilio pelo nosso ilustre comprovinciano, Odorico Mendes; — a tradução DE REBUS EMMANUELIS do bispo Jeronimo Ozorio pelo padre Francisco Manoel do Nascimento; — a tradução do primeiro livro da História de Tito Livio por Barreto Feio; do francês, a tradução dos Mártires de Chateaubriand pelo padre Francisco Manoel do Nascimento; — a tradução da Atalia de Racine pelo padre Francisco José Freire; — as traduções dos Jardins de Delille e das Plantas de Castel por Bocage.

Em traduções como essas que apontámos, iguais em beleza de estilo às melhores obras originais, haverá sempre muito que aprender para os amantes do pátrio idioma e da boa literatura.

A paráfrase dos SALMOS é uma obra prima, superior em rasgos poéticos e inimitável perfeição de estilo a quantas paráfrases de Salmos temos lido em outras línguas, e tão magnífica que eleva