se algumas cousas que lhe declararam. E elle disse á mais nova. «Ora todas me pedem que lhe traga alguma cousa, só tu não me pedes nada?» «Vou pedir-lhe tambem uma cousa; onde o meu pae vir o mais bello jardim, traga me a mais bella flôr que lá houver.» O pae foi e chegou a uma cidade e reconheceu que as navegações não eram d’elle e foi-se embora com a bolsa vasia. Chegou a um monte e anouteceu-lhe; elle viu uma luz e dirigiu-se para ella a ver se encontrava quem o acolhesse. Chegou lá e viu uma casa grande e estropeou á porta; não lhe fallaram; tornou a estropear; não lhe fallaram. E disse ao moço: «Vae ahi por o portal de baixo ver se vês alguem.» O moço foi e voltou: «Vejo lá muitas luzes dentro e cavallos a comer e penso para lhe botar; mas não vejo ninguem.»
Então o homem mandou metter o cavallo na cavalhariça e entraram para a cozinha. Acharam lá que comer e como a fome não era pequena, foram comendo muito. E n’isto ahi vem por essa casa adeante uma cousa fazendo um grande arruido, assim como umas cadeias que vinham a rastos pela casa adeante e depois chegou ao pé d’elles um bicho de rastos e disse-lhes: «Boas noites.» E elles puzeram-se a pé com medo, e disseram-lhe: «Nós viemos aqui por não acharmos abrigo nem que comer n’outra parte; mas não vimos fazer mal a ninguem.» «Deixai-vos estar e comei.» Demorou-se um pouco o bicho e disse-lhes: «Ora ide-vos deitar que eu tambem cá vou para o meu curral.» E começou-se a arrastar pela cozinha e foi. Ao outro dia o homem foi ao jardim que era o mais bello que tinha visto e disse: «Já que não posso levar nada para as minhas filhas mais velhas, quero ao menos levar a flor para a Bella-menina…» Estava a cortar a flor e n’isto o bicho salta-lhe: «Ah ladrão! Depois de t’eu acolher em minha casa, tu vens-me colher o meu sustento, que eu não me sustento senão em rosas.» E elle disse: «Eu fiz mal, fiz; mas eu tenho lá uma filha que me pediu que lhe levasse a mais bella flor que eu visse na viagem, e não podendo levar nada