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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/110

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não a vinha buscar; elle quando viu que estava ao pé do palacio do pae da princeza, viu um largo e disse assim: «Peixinho, pelo poder que e amor Deus te deu quero que me aqui apresentes immediatamente um palacio e um carro e roupa para eu ir buscar a princeza.» E chegou com ella ao palacio e elle tinha pedido que o peixinho pozesse á porta o nome d'elle que era o dono do palacio. O rei ia um dia a passear e leu o lettreiro do palacio e disse: «João Mandrião! eu é que o impuz; aqui não havia outro; quem será?» Pediu licença ao guarda do palacio do João Mandrião, se o deixavam lá ir passear; o guarda disse-o ao João Mandrião e este mandou-o logo entrar; mas o rei não o conheceu e elle conheceu este. O João Mandrião foi mostrar-lhe o palacio até que lhe mostrou uma maceira com sete maçãs d'ouro; o João Mandrião contou sete maçãs deante do rei; deu uma volta e tornou a vir contar e contou só 6; foi ver os bolsos dos hortelãos todos e depois foi ao bolso do rei e achou lá a maçã d'ouro que faltava; mandou-o prender; esteve oito dias na cadeia; ao fim de oito dias foi lá o João Mandrião, a princeza e a rainha e o João Mandrião, disse assim: «Você lembra-se quando me mandou matar a mim á sua filha e ao seu neto, nas alturas da India? Assim havia de eu agora fazer; mas emfim perdôo-lhe.» Fizeram as pazes; o João Mandrião casou com princeza e viveram muito felizes.

(Foz do Douro.)