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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/113

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rei: «Então vossa real magestade conhece-me agora?» «Conheço sois a dama a quem eu dei o annel.» «Pois fui eu que o deitei no caldo.» «Pois como é isso?» Então Pelle-de-cavallo contou toda a sua historia. O rei não a tornou a deixar ir a casa da velha e casou-se com ella.

(Ourilhe.)




XXXII


A SINA


Era de uma vez um rei que tinha dous filhos, um macho e outro femea. Como era de uso, logo que casa um tinha nascido lhe mandou ler a sina. A da donzella foi que antes dos dezoito annos havia de ter uma naufragio, o que queria dizer que havia de ter um filho de um homem solteiro; e a do rapaz que havia de matar o pae a punhal. O rei ficou muito triste com esta sorte e para os livrar d'ella mandou fazer uma torre onde não entrasse a luz do dia e metteu n'ella a filha com uma aia a guardal-a e ao filho mandou fazer um caixãosinho de pao todo forrado de seda e velludo por dentro e por fóra e foi elle deital-o a um rio que passava muito longe de palacio. Passou muito tempo e a filha nem conhecia pae nem mãe; só fallava com a aia e mais ninguem. Vem uma tempestade e um raio parte uma pedra da torre. Um dia estava ella a espreitar para o jardir e viu um lindo moço que era creado de palacio; perguntou á aia o que era aquillo e ella disse-lhe que era um escudeiro do rei. O moço que tinha tambem visto aquella cara a espreitar, todos os dias vinha áquella mesma hora vel-a. Uma occasião elle perguntou-lhe porque vivia assim fe-