chada, ao que ella respondeu encolhendo os hombros; se lhe deixava ir fazer companhia; ella disse-lhe que sim e deitou abaixo um lençol da sua cama e elle subiu. Ao fim de nove mezes achou-se pejada; disse-o á aia; teve um menino; começaram ambas a chorar e a chorar muito e por fim a aia levou a princeza a matal-o. Estavam a degolal-o quando entrou o rei que tinha ouvido chorar uma creança; perguntou o que era aquillo que tinham escondido, porque ellas assim que ouviram passos tractaram de o esconder; elle foi ver e ficou sem pinta de sangue e cheio de raiva matou-as a ambas.
Muitos annos se passaram e ninguem soube mais nada do filho. A rainha chorava e andava sempre triste a chamar pelo seu filhinho. Quando o rei deitou o caixão ao rio elle foi levado pela corrente e foi parar na roda d'uma azenha. Vivia n'esta azenha um moleiro e uma moleira que eram casados havia muito e que não tinham filho nem filha, ouviram chorar, foram ver e agarraram no caixão e abriram-no. Ficaram muito contentes por verem um menino tam gordinho e tam lindo como uma estrella. Disseram um para o outro: «Já que Deus não nos deu nenhum, creêmos este» e foram creando n'elle. Chegando já a grande, perguntaram-lhe o que elle queria ser; disse que queria ser alfaiate. Ensinaram-lhe este officio e elle dentro em pouco era o melhor mestre d'aquelles arredores. Correu fama e chegou isto a palacio. A rainha ás escondidas do rei mandou-o chamar; elle foi e ella para experimentar mandou que fizesse um vestido á sua aia que era uma escrava moira chamada Isabel que o Rei tinha captivado n'uma guerra com os moiros. O alfaiate olhou para o corpo da escrava e não foi preciso mais nada, dizendo á rainha: Ámanhã cá lh'o trarei prompto. Admirou-se a rainha da pressa, mas no dia seguinte mais admirada ficou quando elle o trouxe por que assentava no corpo tambem que era uma maravilha. Mandou logo fazer um de damasco para ella dizendo: «Amanhã pagarei tudo.» Elle trouxe-lh'o e a rainha lhe perguntou quanto lhe devia ao que elle lhe respon-