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O Grão de Milho, logo que saiu para fóra, lavou-se muito bem lavado n'uma pocinha que ali estava e foi por ali fóra. No meio do caminho encontrou uns almocreves que levavam os machos carregados de dinheiro e disse-lhes......[1]

De repente saltam uns ladrões, matam os almocreves e lavam os machos com o dinheiro para uma casa que havia n'uns pinheiraes. O Grão-de-milho, como ia mettido n'uns alforges, foi tambem sem ser pescado. Os ladrões despejaram o dinheiro em cima de uma grande meza e começaram a contal-o. O Grão-de-milho poz-se debaixo da meza e começou a gritar: «Quem dá dé-reis; quem dá dé-reis.» Os ladrões, assim que ouviram isto, tiveram tanto medo que deitaram a fugir. Então o Grão-de-milho ensacou o dinheiro, pôl-o em cima dos machos e foi para casa.

Quando lá chegou era ainda de noite e bateu á porta. O pae perguntou: «Quem esta aí?» e elle respondeu: «Sou eu meu pae; abra depressa.» O pae veiu logo abrir a porta e o Grão-de-milho contou-lhe então tudo, entregou-lhe os machos e o dinheiro e o lavrador que era pobre ficou muito rico.


(Bragança.)



  1. A pessoa a quem devo este conto não se recorda do que disse Grão-de-milho e do que se devia seguir immediatamente.