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nheiro debaixo da cuba grande; vae buscar um ramo d'oliveira para eu o ir lá pôr.» O rapaz foi buscar um ramo d'oliveira e o medo foi o pôr na adega para se saber onde estava enterrado o dinheiro. Ao outro dia o rapaz foi ter com a viuva e disse-lhe todo o transe como se passara e que restituisse a quinta aos pobres a quem ella pertencia, senão vae o seu marido para o inferno e toda a sua familia.» — «Pois, Senhor, fico-lhe muito obrigado.» Foram á adega e acharam no sitio onde estava o ramo d'oliveira o dinheiro enterrado e nos sitios onde o tal sujeitinho tinha deixado as pegadas estava queimado no chão. A senhora disse-lhe: «Ha de demorar-se até fazermos entrega da quinta aos seus donos.» Depois que isso fizeram, disse a senhora ao rapaz: «Eu de mim não tenho que lhe dar, só se quer a minha filha.» Elle disse: O meu signo dá-me d'andar ver muitas terras e eu quero ir solteiro para a minha terra. A filha disse: «Nós não temos nada que dar áquelle senhor; demos-lhe um casal de pombas fechadas n'um gigo.» Elle levou o gigo e caminharam. Chegados a certo sitio disse o creado para o amo:» Oh meu amo! vamos a ver o que vae aqui; elle, o quer que é, bole.» O amo pegou no gigo, vae a desatal-o e as pombas esvoaram-lhe por a cara e elle estremeceu; volta para casa agradecer á tal senhora o obsequio que lhe fez com o presente que lhe quebrou o fado e casou com a filha d'ella e depois voltou para a terra.


(Ourilhe).