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tade que este tambor foi feito da pella d'um piolho.» Então o rei respondeu logo: «Adivinhaste, e como palavra de rei não volta atraz, casarás com a princeza.» Então, ella toda lavada em lagrimas, chegou-se ao pé do velho e disse-lhe:

«Se eu casar comtigo, velho,
Ha de ser com tal tenção,
De eu dormir em boa cama,
E tu velho n'esse chão,
E tu velho se fallares,
Has-de levar com um bordão.
Eu hei-de comer pão alvo,
E tu velho, de rolão,
E se tu velho fallares,
Has-de levar com um bordão.»

Em vista d'isto o velho não quiz casar com a princeza, e disse-lhe que casasse ella com o fidalgo; e assim se fez.

(Coimbra.)




XL


A MENINA E O FIGO


Uma madrasta tinha uma enteada muito linda e com uns cabellinhos muito loiros; e costumava mandal-a para o quintal guardar um figo que tinha na figueira, recomendando-lhe que não o deixasse comer pelos passaros, pois se tal succedesse, a matava. Um dia que a menina estava descuidada, veiu um passarinho e levou o figo no bico. A menina chorou e tornou a chorar, mas a madrasta não se commoveu e enterrou a menina no quintal. Passado tempo nasceu uma roseira de toucar na sepultura da menina. Ora a mestra que tinha ensinado a menina