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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/130

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a ler, notando a falta d'ella, foi um dia a casa da madrasta e perguntou o que era feito da menina. A madrasta respondeu que não sabia, e mandou-a passear para o quintal com as outras meninas. Uma das meninas vendo a roseira arrancou uma rosa, e ouviu vozes que diziam:

Não me arranques o meu cabello,
Que minha mãe m'o creou,
Meu pae m'o penteou,
Minha madrasta me enterrou,
Pelo figo da figueira,
Que o passarinho levou.

A mestra foi logo dar parte d'isto á justiça, e esta mandou cavar a terra e encontrou a menina ainda viva. Mandou prender a madrasta, e a menina foi para a companhia da mestra, e veio a ser muito feliz.

(Coimbra.)




XLI


A MACHADINHA


Um camponez tinha uma filha, e casou-a com um rapaz da sua terra. No dia da boda estando á mesa, os noivos, os paes e as mães d'elles, e muitos convidados, disse o camponez para a mulher: «Oh Maria, vae á adega buscar mais vinho, pois quero fartar os nossos convidados.» Foi a mulher á adega, e ia-se passando muito tempo sem que ella voltasse. Então o camponez levantou-se da mesa e foi ver se tinha succedido alguma cousa á mulher. Chegado á adega, viu a mulher parada a olhar para uma machadinha que estava pendurada no