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mas que visse sempre se roubava algum bocadinho de ouro. Succedeu-lhe porém o mesmo, que lhe succedera com a farinha. N'outro dia estando ella toda chorosa appareceu-lhe o preto acompanhado de muitos criados e trazendo ricas toalhas, e bacias de prata e disse-lhe: que era preciso que ella se deixasse preparar, porque a mãe do conde desejava vêr o vestido antes da mulher do conde o vestir, e como ella era da estatura da dona do vestido, que era preciso que o vestisse para se vêr se estava bom. Emquanto a princeza se vestiu desappareceu o preto; e depois, appareceu o conde, e disse á princeza, que o preto era elle, e que tudo quanto tinha feito era pelo grande amor que lhe tinha. Casaram, e viveram sempre muito felizes.

(Coimbra.)




XLIV


O PRINCIPE DAS PALMAS-VERDES


Era uma vez uma rapariga muito pobre que um dia foi a uma horta roubar umas couves; viu lá um buraco e levada de curiosidade metteu-se por elle dentro e foi dar a uma casa onde estava o mesa posta. Comeu á larga e como o comer fosse bom, deixou-se lá ficar; á noite deitou-se, e depois de deitada veiu ter com ella uma pessoa que não viu.

Alli esteve bastante tempo, repetindo-se todas as noites o mesmo, e um dia disse á pessoa que dormia com ella que desejava ir aonde a mãe levar-lhe alguma coisa de comer. A pessoa disse-lhe que fosse e que voltasse, que bastava chegar á porta do palacio para ella se abrir. Foi ella, e tendo contado á mãe o que se passára, esta