Saltar para o conteúdo

Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/140

Wikisource, a biblioteca livre
— 104 —

oiro, tem fuso, massaroca e roca tudo d'oiro». «Vae lá e diz-lhe se ella te quer vender isso». A pobre respondeu: «Eu não lhe vendo isto que lh'o dou se me deixar ir ficar no quarto do principe das Palmas-verdes». A dama ficou malcontente com isso e disse: «Não quero». «Minha senhora, deixe-a ir que eu dou uma bebida a beber ao principe que elle adormece e não dá fé que está a pobre no quarto». Assim fez. Á noite a creada deu uma bebida ao principe e logo que elle adormeceu levou a pobre e metteu-a no quarto. Esta pegou no filho e deitou-o ao pé do principe e toda a noite esteve dizendo:

«Principe das Palmas-verdes,
Não te lembres de mim;
Lembra-te de teu filho,
Que o tens ao pé de ti».

De manhã a creada foi buscar a pobre para fóra do quarto e levou-a para um curral. Á tarde a pobre estava muita afflicta e quebrou a noz que o Sol lhe déra e saiu-lhe uma dobadora, meada e novello, tudo d'oiro. A creada que isto viu foi-o dizer á dama que quiz comprar essa riqueza; mas a pobre disse como na vespera que lh'a dava se a deixassem ir ficar no quarto do principe das Palmas-verdes. Á noite a creada deu uma bebida ao principe e logo que elle adormeceu levou a pobre e metteu-a no quarto. Esta pegou no filho e deitou-o ao pé do principe e toda a noite estava dizendo:

«Principe das Palmas-verdes,
Não te lembres de mim;
Lembra-te de teu filho,
Que o tens ao pé de ti».

Ao outro dia a pobre, de cada vez mais afflicta, quebrou a bolota e sahiram-lhe uns parrecos d'oiro; e a creada foi-o dizer á dama e a pobre disse que os dava