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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/148

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castanhas para semear n'um souto.» E a mulher da estalagem, como lampeira, disse: «Oh homem! castanhas assadas dão castanheiros?» E elle virou-se para o juiz e disse-lhe: « Este homem não deve; esta mulher queria fazer-lhe pagar por pintos seis ovos cozidos; póde-o pôr na rua.» O juiz assim fez. O advogado era o diabo.

(Ourilhe).




XLVIII


O SENHOR DAS JANELLAS-VERDES


Certo rei tinha uma filha que muito desejava ver casada; para esse fim tinha mandado vir ao palacio muitos principes para que a princeza escolhesse o que mais lhe agradasse; mas ella não se agradava de nenhum e dizia que só casaria com o senhor das Janellas-verdes, que tinha os cabellos e a barba d'ouro e os dentes de prata. Mandou o rei procurar por toda a parte o tal senhor, mas não foi possivel encontral-o.

Passaram-se annos e o rei sempre esperando pelo senhor das Janellas-verdes. Um dia que elle estava á janella do palacio viu passar uma carruagem com janellas verdes e cortinas da mesma cór e com dois lacaios tambem vestidos de verde. O rei mandou parar a carruagem para ver quem ia deutro, mas qual não foi a sua alegria quando viu dentro o senhor das barbas e cabellos d'ouro e dentes de prata! Chamou logo a princeza e perguntou-lhe se era aquelle o senhor das Janellas-verdes; ella disse que sim, mas logo se encheu d'uma tristeza que a todos causou admiração.

Então o senhor das janellas verdes disse: «Eu sei que ha muito me procuram para casar com esta prince-