O Philippinho era o saco da farinha e bastioné mea eram as papas. O preto entendeu e foi fazer as papas.
(Oliveira do Douro.)
Era uma vez um rei que era casado, mas não tinha filho, o que fazia com que elle e a sua mulher vivessem muito descontentes. Pediam constantemente a Deus que lhe désse um filho e sabendo que havia uma velha de grandes virtudes mandaram-na chamar a palacio para lhe pedirem que rogasse a Deus que os ouvisse. Então a velha disse-lhe um dia que a rainha havia de ter uma creança, mas que se essa creança fosse menino, quando fosse homem seria tão mao que faria a desgraça de seus paes, e que se fosse menina teria má sorte, mas que escolhessem elles o que queriam. O rei disse que antes queria uma menina, pois em sendo mulher havia de saber guardal-a, que não lhe succedesse nenhuma desgraça. Teve a rainha uma menina e logo o rei mandou uma ama para uma torre com a menina. Alli não viam ninguem, nem saiam fóra, porque o rei guardava as chaves da torre. A menina foi crescendo e perguntava á ama: «Não ha mais mundo do que este? não ha mais gente do que nós?» A ama respondia-lhe sempre que não.
Já a menina estava como uma senhora, e o desejo de sair da torre era cada vez maior. Um dia por acaso levantou uma ponta da alcatifa do quarto onde dormia e viu um buraco no chão, por onde saia muita claridade; a menina, cheia de curiosidade, fez o buraco