nha mãe, encontrei este menino na minha cama.» Ella examinou a saia assafroada e a campainha e disse-lhe: «Não ha duvida que é teu filho e deves creal-o».
Quando o menino chegou á edade de tres annos mandou o conde a um creado que levasse aquelle menino a muitas terras e fosse dizendo: «Quem quer ver o menino assafroado?» e que se visse que alguma mulher se commovia ao vel-o que reparasse bem n'ella e lh'o viesse dizer. Ora o menino levava vestida a saia assafroada e ao pescoço a campainha.
O creado correu muitas terras, mas não viu nenhuma mulher commover-se. Já o conde ia perdendo a esperança de encontrar a mãe do seu filho, quando, indo um dia ao palacio do rei, este lhe disse: «Conde, ouvi dizer que tens um filho muito lindo; admira que ainda não o trouxesses a palacio.» Respondeu-lhe o conde: «Eu não sabia que vossa magestade desejava ver meu filho, mas visto isso amanhã cá o mando.» Ora o rei estava bem longe de saber que a filha que estava na torre era a mãe do menino e tinha dito um dia para a rainha: «É melhor mandarmos vir a nossa filha para palacio, pois ella agora já não se perde.» A princeza tinha vindo para palacio. Chegou o creado do conde com o menino e o rei gabou muito a creança e chamou a rainha e a filha para o virem ver. A princeza quando viu a creança commoveu-se muito e fez-lhe muitas caricias, dizendo: «Ai meu menino assafroado!» Não escapou isto ao creado que foi logo dizer ao conde: «Saiba, senhor conde, que a princeza é a mãe do seu filho.» Ficou o conde muito contente e foi logo a correr a palacio e disse ao rei: «Então vossa magestade gostou de meu filho?» O rei respondeu: «Gostei muito». «Pois saiba vossa magestade que eu lhe venho pedir a mão da princeza sua filha.» «Oh conde! attreves-te a tanto?» «Attrevo-me porque a princeza é a mãe de meu filho.» O rei chamou a princeza e sabendo a verdade casou-a com o conde e foram muito felizes.
(Coimbra.)