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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/171

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estava a mãe e o caçador foi sobre elle. Chegou ao pé da princeza e perguntou-lhe que vida era a d'ella alli. Ella contou-lhe a sua vida. Elle disse-lhe se queria ir com elle. Ella disse-lhe que não, que queria ali acabar os seus dias de vida. Sómente o que lhe pedia, era que fosse baptisar o seu menino. O caçador foi o baptisar. Depois ia visital-a todos os dias. E um dia disse-lhe se deixava o afilhado ir com elle a uma feira. Na feira perguntou ao afilhado o que queria que lhe comprasse. E elle disse que queria uma espingarda e um cavallo. Todos os dias ia o principezinho á caça. Um dia foi á caça a tanta distancia d'onde estava mãe, que avistou um palacio onde morava um gigante, que matava toda a gente. O principe tinha um cabello no peito que lhe dava sete voltas, e tinha sete forças de homem. O gigante assim que o lá viu disse-lhe se queria ir brigar com elle, julgando que elle era um simples homem com força egual aos mais, e que o poderia vencer. Depois de ir brigar com elle o principe tinha-o quasi morto e o gigante disse-lhe que o não acabasse de matar, e ensinou um alçapão por onde o havia de deitar. Elle deitou-o para lá, tapou o alçapão, e foi buscar a mãe e trouxe-a para aquelle palacio. Disse-lhe que lhe dava ordem de ir por todas as casas menos áquelle alçapão. A mãe um dia tirou-se dos seus cuidados e foi vêr o que estava no alçapão. Viu o gigante quasi morte e foi-lhe fazer um caldo e dar-lh'o. O gigante assim que bebeu o caldo saltou para cim. De dia estava fazendo vida com ella e quando vinha o principe ia para o alçapão. O gigante tractou de idear o modo de matar o filho. Disse para ella, que se fingisse doente e dissesse para elle que se não achava boa sem que fizesse uma fomentação com a banha esquerda de um porco espinho que havia na quinta do Rei Sabio, e elle como era muito amigo da mãe, promptificou-se a ir buscal-a. Mas era um porco espinho bravo que matava toda a gente. Quando ia para lá passou á porta do Rei Sabio. Estava uma filha do rei á janella, e disse ao pae que ia alli um cavalleiro n'um ca-