que sim, mas que havia de ser sem a mãe saber, porque ella não gostava que se désse entrada a pessoa alguma estranha. A fada entrou para o quarto da filha do conde, e começou a contar-lhe historias tão lindas, que esta estava toda encantada. Quando deu meia noute disse-lhe a fada: «Se vós quizesseis ir a uma grande festa, que dá o principe esta noute, eu levava-vos lá.» «Mas a mamã e o papá?» disse a menina. «Não tenhaes receio algum; eu tenho uma varinha de condão, e d'aqui vos levarei, e aqui vos hei-de trazer, sem que ninguem dê pela nossa falta.» A menina muito contente com as historias da fada, e por ir vêr uma grande festa, disse que sim. Preparou-se com os melhores fatos e accompanhou a fada. D'ali a poucos momentos chegou a um grande palacio, e a fada abrindo uma porta empurrou-a para uma grande casa forrada de sede azul, tendo ao meio uma grande mesa guarnecida de manjares, e desappareceu. N'este instante entrou o principe e reconhecendo a sua bella deu um grito de alegria. Chegou-se então perto d'ella e beijou-lhe a mão, convidando-a a servir-se d'alguns d'aquelles manjares. A menina assustada por se vêr vó com um principe, que a olhava tão apaixonadamente, pedia a Deus uma ideia para que podesse fugir d'alli. Vendo que na mesa não havia limão, quando o principe lhe rogava muito que se servisse, ella disse-lhe:
«Comera um bocadinho,
«Se tivera limão…
O principe saiu immediatamente para ir buscar o limão, e ella vendo-se só, abriu a porta por onde tinha entrado e desappareceu. No caminho encontrou a fada e disse-lhe: «Leva-me já para casa de meu pae; tenho modo de estar aqui!» O principe quando voltou e não encontrou a menina, ficou muito triste, e quasi louco de