— Está perdoado, bom homem! disse o estudante, o que lhe peço é que me deixe em paz.
O pobre azeiteiro, quando se viu só, lamentou-se da sua desgraça, e foi pedir dinheiro a um compadre para ir no dia seguinte á feira comprar outro burro. Quando chegou á feira viu lá o jumento que lhe tinha pertencido, e que o estudante, que elle não vira quando lh'o roubaram, estava a vender. O azeiteiro julgando que o homem-burro se tinha transformado outra vez no seu burro, chegou-se ao pé do estudante e pediu-lhe licença para dizer um segredo ao burro. O estudante disse-lhe que sim e o azeiteiro chegando a bocca á orelha do animal, gritou com toda a força:
«Olhe, senhor burro, quem o não conhecer que o compre.»
(Lisboa, d'uma pessoa d'Almeida, Beira-Baixa).
Era uma vez uma mulher que era casada, e como ella fosse muito formosa, tinha muito quem gostasse d'ella. Entre os que lhe dirigiam finezas, havia um medico, um advogado e um padre, que cada um por sua vez lhe pediram que os recebesse em casa d'ella, uma noite. A mulher contou isto ao marido antes de lhes dar a resposta, e elle disse-lhe: «Olha, diz ao medico que o recebes ás dez horas, ao advogado ás onze e ao padre á meia noite, e quando vier o advogado, tu finges que sou eu, e metes o medico n'um dos escaninhos do