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Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/193

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O sachristão respondeu: «Não.»

E o preto parecendo-lhe historia, disse:

«Santinho di pau a falá?
«Hei-de molhá e torná a molhá!

O sachristão saiu do esconderijo, e bateu tanto no preto que elle não voltou mais a molhar o pão no grijó do Santo.

(Coimbra.)




LXXIII


A MOURA ENCANTADA


Um homem foi viajar e chegou a uma terra e pediu agasalho; mas não o quizeram acolher; havia lá uma casa rica, mas a familia da casa não estava; andava lá medo e elles fugiram; elle foi para lá e sentou-se n'uma varanda deixando-se ficar alli até noite; veiu apenas foi noite uma mão com uma luz e acenou-lhe que fosse para dentro; elle foi dentro e encontrou uma mesa muito bem arranjada com comida; elle comeu e acabando de comer, encostou-se a um braço e adormeceu. Emquanto dormia tiraram-lhe d'um dedo um annel d'ouro que trazia e pozeram-lhe outro. Tendo acordado, a mão acenou-lhe de novo e indicou-lhe um quarto de dormir para onde elle foi. Elle notou que o annel estava mudado. Estando na cama sentiu movimento como de pessoa que se queria deitar na mesma cama e elle não vendo nada disse: «Sempre queria saber quem se quer deitar commigo, se é homem, se é mulher.» Responderam:

«Eu sou uma mulher; sou uma moura que aqui está