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cedido, se chegou a elle, e lhe disse: «Ouve, senhor burro, quem te não conhece, te compre

O agagio:

Comei mangas aqui;
A vós honram não a mim,

é o ultimo vestigio d'um conto que ainda não encontramos na tradição portugueza, mas que é conhecido d'outros paizes e sobre o qual R. Köhler deu ricas indicações no Jahrbuch für rom. und engl. Literatur, XII, 351 s. e XIV, 425 s. O papa Innocencio III no seu livro De contemptu mundi sive de miseria humanae conditionis deu a seguinte versão, transcripta por Köhler:

Cum quidam philosophus in habitu contemptibili principis aulam adisset et diu pulsans non fuisset admissus, sed quotiens tentasset ingredi, toties contigisset eum repelli, mutavit habitum, e assumpsit ornatum. Tune ad primam vocem aditus patuit venienti. Qui procedens ad principem, pallium, quod gestabat, coepit venerabiliter osculari. Super quo princeps admirans, quare hoc ageret, exquisivit. Philosophus respondit: Honorantem me honoro, quia quod virtus non potuit, vestis obtinuit.»

Pitré, Fiabe, novelle e racconti popolari siciliane CXC, 8 offerece uma versão popular que se aproxima mais da que suppõe o nosso adagio. Giufà que como pateta não era convidado por ninguem, é vestido luxuosamente pela mãe. Convidam-no para a mesa onde o tinham antes repellido e elle ia comendo e metendo comer nas vestes, dizendo: «Manciati, rubbiceddi miei, cà vuàtri fustivu 'mmitati.»

O conto da Bella-menina, n.º XXIX da presente collecção, apresenta analogias tão intimas como o conto de La Belle et la Bête, redigido em francez por Madame