«Quem quer casar com a carochinha
Que é bonita e perfeitinha?»
Passou um burro e disse: «Quero eu.» «Como é a «tua falla?» «Eu ó… eu ó…» «Nada, nada não me serves, que me acordas os meninos de noite.» Depois passou um porco e a carochinha disse-lhe: «Deixa-me ouvir a tua falla.» «On, on, on.» «Nada, nada não me serves, que me acordas os meninos de noite.» Passou um cão e a carochinha disse-lhe: «Deixa-me ouvir a tua falla.» «Béu, béu.» «Nada, nada não me serves, que me acordas os meninos de noite.» «Passou um gato. «Como é a tua falla?» «Miau, miau.» Nada, nada, não me serves, que me acordas os meninos de noite.» Passou um ratinho e disse: «Quero eu.» «Como é a tua falla?» «Chi, chi, chi.» «Tu sim, tu sim; quero casar comtigo,» disse a carochinha. Então o ratinho casou com a carochinha e ficou-se chamando o João Ratão. Viveram alguns dias muito felizes, mas tendo chegado o domingo, a carochinha disse ao João Ratão que ficasse elle a tomar conta na panella que estava ao lume a cozer uns feijões para o jantar. O João Ratão foi para junto do lume e para ver se os feijões já estavam cozidos metteu a mão na panella e a mão ficou-lhe lá; metteu a outra; também la ficou; metteu-lhe um pé; succedeu-lhe o mesmo, e assim em seguida foi caindo todo na panella e cozeu-se com os feijões. Voltou a carochinha da missa e como não visse o João Ratão, procurou-o por todos os boracos e não o encontrou e disse para comsigo. «Elle virá quando quizer e deixa-me ir comer os meus feijões.» Mas ao deitar os feijões no prato encontrou o João Ratão morto e cozido com elles. Então a carochinha começou a chorar em altos gritos e uma tripeça que ella tinha em casa perguntou-lhe:
«Que tens, carochinha,
Que estás aí a chorar?»
«Morreu o João Ratão
E por isso estou a chorar»
«E eu que sou tripeça