Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/46

Wikisource, a biblioteca livre
— 10 —

ra isso.» Foi ao boi: — «Ó boi, bebe a agua para ella apagar o lume, etc.» — «Não estou para isso.» Foi ao carniceiro: — «Carniceiro, mata o boi para elle beber a agua, etc. — «Não estou para isso.» Foi ter com a morte: — «Ó morte, leva o carniceiro, para elle matar o boi, etc. — «A morte ia para levar o carniceiro e elle disse-lhe: — «Não me leves que eu mato o boi. «Disse o boi: — «Não me mates que eu bebo a agua.» Disse a agua: — «Não me bebas que eu apago o lume.» Disse o lume: — «Não m’apagues que eu queimo o pao.» Disse o pao: — «Não me queimes que eu bato no cão.» Disse o cão: — «Não me batas que eu mordo o gato.» Disse o gato.«: — «Não me mordas que eu como o rato.» Disse o rato: — «Não me comas que eu roo as fraldas á rainha.» Disse a rainha: «Não me roas as fraldas que eu ponho-me de mal com o rei.» Disse o rei: — «Não te ponhas mal commigo que eu tiro a vara á justiça.» Disse a justiça: — «Rei, não me tires a vara que prendo o homem.» Disse o homem: — «Justiça, não me prendas que eu arranco a oliveira.» E o homem arrancou a oliveira e o macaco ficou com a sua romanzeira.

(Coimbra)



V
O GALLO E O PINTO

O pinto:
— «Qui qui ri qui. Faz-me um bolo.»
O gallo:
— «Có co ró có. Não tenho sal.»
— «Qui qui ri qui. Manda-o buscar.»