cão e tanto este como o gato depois de mil agradecimentos partiram para a prisão do seu dono, resolvendo levarem ambos a caixa ás costas.
O dono ficou muito contente e abriu a caixa e disse ao pretinho: — «Quero desfeita esta prisão; quero um palacio em frente do de meu irmão e quero casar com a filha do rei.»
Tudo assim foi e elle então foi ter com o irmão e disse-lhe: — «Podia fazer-te muito mal, mas não quero; antes hei-de repartir comtigo a minha riqueza e seremos d'hoje em deante muito amigos.»
Esquecia-me dizer que o cão e o gato tiveram colleiras d'ouro fino e pedras preciosas e morreram muito velhos.
(Coimbra.)
Eram d’uma vez dois irmãos que eram soldados d’um regimento francez, mas que eram tão maltratados que até fome passavam. Um dia disse o mais novo para o mais velho: — «Irmão, isto não se pode soffrer; é melhor nós fugirmos e irmos correr esse mundo de Christo.» Respondeu o mais velho: — «Não, que nos podem apanhar e matar-nos.» O mais novo, porém, não o quiz attender e um bello dia fugiu. Caminhou, caminhou sem encontrar que comer até que foi ter á porta d’uma grande quinta onde avistou um formoso pomar em que as laranjeiras vergavam ao peso das laranjas. Bateu á porta e tornou a bater e como lh’a não viessem abrir, resolveu-se a escalar o muro para ir comer laranjas. Como não lhe apparecesse ninguem, elle comeu a fartar e es-