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Pequenito ao palacio do seu amo com a coberta e o rei de cada vez estava mais agradado d'elle por vêr a sua valentia.

De novo os creados foram dizer ao rei que o Pequenito dissera que era capaz de ir furtar o papagaio do rei turco. O Pequenito logo que isto soube apromptou-se e foi. Furtou o papagaio e este gritava pelo caminho: — «Aqui d'el-rei, que me levam furtado.» E o Pequenito gritava: — «Aqui d'el-rei, que furtado me levam.»

Chegado o Pequenito ao palacio, novos trabalhos o esperavam. Disseram ao rei que o Pequenito dissera que era capaz de furtar o rei turco e de o trazer para o palacio. Então o rei disse-lhe: — «Se tu fôres capaz de me trazer aqui o rei turco casarás com a princeza minha filha.» O Pequenito respondeu: — «Dê-me vossa magestade um exercito de homens e alguns navios e verá de quanto é capaz o Pequenito.»

Apromptou-se tudo e o Pequenito arranjou uma grande dorna e foi ao palacio do turco e quando elle estava a dormir envolveu-o na roupa da cama; desceu com elle pela janella, metteu-o na dorna e á frente do exercito lá o levou para a corte do rei seu amo. Este quiz logo que o Pequenito casasse com a sua filha; fizeram-se grandes festas e o Pequenito mandou ir para o palacio o seu pae e irmãos, dando-lhe altos cargos na corte. E assim acaba esta historia de que

A certidão está em Tondella;

Quem quizer vá lá por ella.

(Coimbra.)