Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/88

Wikisource, a biblioteca livre
— 52 —

Elle foi levar ao tio o dinheiro que lhe tinha pedido emprestado; o tio disse que o désse a sua mãe para os fins da vida d'ella. Elle chegou a casa do pae e deu-lhe quatro contos e ficou com dois e foi viajar terras e levava a espada.

Chegou a dois caminhos e viu um lavrador a lavrar e perguntou-lhe que caminho havia de seguir e elle pegou no carro e nos bois e arado e tudo n'uma mão e foi ensinar-lhe o caminho.

E diz o moço assim para o lavrador:

— Vocemecê é tão valente! pega em tudo n'uma mão e vem-me ensinar o caminho.

— Sou valente, mas consta-me que ha um chamado Mamma-na-burra que é ainda mais valente que eu.

Mas o moço nunca lhe disse que era o Mamma-na-burra.

Elle foi indo, indo, e chegou a um pinheiral e viu um homem a deitar pinheiros abaixo; o homem já tinha oito pinheiros no chão e andava a botar mais quatro para fazer o feixe e diz-lhe elle:

— Você é tão valente que é preciso doze pinheiros para fazer o feixe para botar ás costas.

— Sou; mas consta-me que ha um chamada Mamma-na-Burra que ainda é mais forte que eu.

E elle disse-lhe se elle queria ir com elle que lhe dava oito vintens por dia.

Foram indo ambos e encontraram um homem a arrasar montanhas; cada vez que botava a enchada a terra arrincava tres carros. O Mamma-na-burra disse-lhe assim:

— Vós sois tão valente que botaes tres carros de terra abaixo.

— Sou; mas consta-me que ha um chamado Mamma-na-burra que ainda é mais forte que eu.

Depois elle disse-lhe o mesmo e foram andando todos tres e depois foram indo e encontraram umas casas no meio do caminho e perguntaram a uma mulher se ali havia alguem que désse dormidas. A mulher respondeu--