Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/98

Wikisource, a biblioteca livre
— 62 —

d'elle ficaram muito tristes. Passados alguns dias saiu a menina do palacio para ir procurar o carneirinho; e depois de ter andado muito foi ter ao reino da Lua. Tendo ali chegado perguntou á mãe da Lua, se ella lhe saberia dar noticia de um carneirinho branco, assim e assim. Respondeu-lhe ella, que não sabia, mas que se mettesse ella n'aquelle buraquinho, mas que não o fizesse maior, até que viesse sua filha. Chegada a Lua perguntou-lhe a mãe se ella dava noticia do carneirinho branco; ella respondeu que não sabia d'elle, mas que talvez, o Vento, ou o Sol soubessem. Caminhou a menina até chegar a casa do Vento, mas succedeu-lhe o mesmo, que em casa da Lua. Foi a casa do Sol, e a mesma coisa. Já se iam passando os sete annos, e a menina ia perdendo a esperança de encontrar o carneirinho, quando lhe appareceu uma velhinha, e lhe perguntou, o que ella andava fazendo por ali. A menina respondeu que andava em procura do seu esposo, que era um carneirinho branco, e elle tinha partido havia sete annos para o rio Sul, mas que ella não o podia encontrar. Então a velha indicando-lhe uma grande porta disse-lhe: «Aquella porta vae ter ao rio Sul; a menina entre e logo verá muitos passarinhos; aquelle que vier deitar-se a seus pés, esse é o carneirinho branco.»

Foi a menina, e viu muitos passarinhos, e logo veiu um e deitou-se aos pés d'ella, e começou a picar-lh'os. Então a menina disse-lhe: «Tu és o carneirinho branco?» Elle então transformou-se em um principe, e foi com a menina para o palacio de sua mãe; acabou-se o encanto, e viveram muito felizes.

(Coimbra.)