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ranca-serra, você quer andar commigo?…» — «Apois não, Manoel da Bengala!» — «Entonce vamos.» E partiram.

Cada dia um dos tres ia buscar comida para todos. Quando foi uma vez, Passa-váo foi buscar mantimento e encontrou no caminho um moleque muito preto, de carapuça de latão, que lhe pediu fogo para o cachimbo. Passa-váo não quiz dar, e o moleque trepou-lhe o cachimbo na cabeça e o derrubou no chão, como morto. D'ahi a muito tempo é que elle veiu a si, voltou e contou aos companheiros o que lhe tinha acontecido. Arranca-serra disse: «Ora, Passa-váo, você é muito mofino; ámanhã quem vai sou eu.» Assim foi. Quando andava por longe, appareceu-lhe aquelle moleque da cabeça de latão, que lhe pediu fogo para o cachimbo. Elle não quiz dar, e travaram lucta; o moleque arrumou-lhe com o cachimbo na cabeça e o deitou por terra. D'ahi a muito tempo é que elle deu accordo de si e voltou para os outros. Manoel da Bengala o debicou muito, chamando-o de mofino, e no dia seguinte quando foi buscar mantimento foi elle. Lá bem longe encontrou o moleque da cabeça de latão, que lhe disse: «Como vai, Manoel da Bengala?» «Vou bem; você como está?» — «Bom; muito obrigado, Manoel da Bengala, você me dá fogo para o meu cachimbo?» — «Não te dou, moleque; sae-te d'aqui.» E metteu-lhe a bengala e o moleque metteu-lhe o cachimbo. Travaram uma briga desesperada. Afinal Manoel da Bengala arrumou-lhe uma cacetada na cabeça, e arrancou-lhe a carupuça de latão. O moleque, então, dizia: «Manoel da Bengala, me dê minha carapuça.» — «Não te dou, moleque.» E assim foram andando, até que Manoel da Bengala lhe disse: «Só te dou a carapuça se me deres as tres princezas que tu tens presas.» Ahi o moleque, que era o cão, respondeu: «Isto não, porque não são minhas.» E foram andando até que o moleque entrou por um buraco a dentro, e Manoel da Bengala enfiou