Saltar para o conteúdo

Página:Contos Populares do Brazil.pdf/176

Wikisource, a biblioteca livre

No jantar houve muita alegria, mas o Careca lá para um canto. No fim de tudo o rei disse que antes de todos se despedirem, queria que cada um dos genros contasse uma historia. O marido da princeza mais velha levantou-se e disse: «O que tenho a contar é que quem matou aquelle bicho, que a todos fazia medo, fui eu, e não disse ha mais tempo, porque queria me casar com a princeza por escolha natural e não porque tivesse a promessa do casamento por matar a fera.» E mostrou os cotocos das linguas. Levantou-se o marido da segunda princeza e disse: «Eu o que tenho a dizer é que quem caçou todos estes passaros para esta festa fui eu.»

Então, levantou-se tambem o Careca e disse: «A minha historia é que os dous genros do rei mentiram; quem matou a fera fui eu, e aqui está a prova; estas é que são as pontas das linguas e aquelles são os cotocos das linguas. Quem fez a caçada fui eu, e a prova é esta declaração que aqui tenho e que podem lêr. Além d'isto o moço que embasbacou a todos nas corridas fui eu, e a prova são as fitas que aqui tenho.» Ahi elle tirou a bexiga da cabeça e todos o reconheceram. Ficaram os dous principes muito envergonhados, e a princeza mais moça quasi doida de contentamento.




XXXIX


A combuca de ouro e os marimbondos


(Pernambuco)


Havia dous homens, um rico e outro pobre, que gostavam de fazer peças um ao outro. Foi o compadre pobre a casa do rico pedir um pedaço de terra para fazer uma roça. O rico, para fazer peça ao outro, lhe deu a peor terra que tinha. Logo que o pobre teve o sim,