ordem ellas começaram a subir, até cobrirem o palacio, o rei, a rainha e todos os embusteiros da côrte. Nunca mais ninguem a viu, porque quem a vê fica logo encantado e cae n'agua e se afoga[1].
Havia um homem muito preguiçoso que nada fazia. Um dia veiu um velho e pediu-lhe rancho em casa; o velho cançou-se de lhe bater na porta e nada do homem se animar a levantar-se para abrir a porta. A final desenganado, o velho pediu á dona da casa que lhe guardasse alli uma toalha que levava, mas que a não abrisse. O velho seguiu seu caminho. Mulher guardou a toalha, mas teve curiosidade e abriu-a. Appareceu logo uma grande mesa com tudo quanto é de bom e melhor de que a mulher se regalou. Ella escondeu a toalha, e, quando o velho veiu procurar a toalha, a mulher deu-lhe outra em vez da sua. Chegando o velho em sua casa, mandou a toalha se estender e a toalha quieta. O velho calou-se e no outro dia foi á casa do preguiçoso e deixou lá ficar uma cabra pedindo-lhe que a guardassem até a sua volta, mas que tivessem o cuidado de não lhe dizer: «Berra, cabra!» O velho retirou-se. A mulher foi e disse: «Ora, isto é mysterío; aqui temos novidade! Berra, cabra!» Entrou a cabra a berrar e começou a cahir muito dinheiro de ouro e prata da bocca da cabra. Logo que a mulher viu isto, trocou a cabra
- ↑ O snr. José de Alencar publicou este conto no seu Tronco do Ipê. Nós cotejamos sua lição com outras que ouvimos.