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homem assim fez. Tarde da noite, Pedro foi ao logar onde estavam os perús, e matou-os a todos labreando de sangue as ovelhas. Pela manhã levantou-se bem cedo e pediu ao dono da casa os seus perús. O homem indo-os buscar, achou-os mortos, e voltou muito afflicto, dizendo: «Pedro, não sabe? as ovelhas mataram os seus perús.» Ouvindo isto, Malas-Artes fez um grande espalhafato, gritando que o homem tinha morto os perús do rei e recebeu seis ovelhas pelos perús. Largou-se, indo dormir na casa de um homem que tinha um curral de bois. Ahi elle fez as mesmas artimanhas, até pegar seis bois pelas seis ovelhas. Mais adiante, elle encontrou uns vendilhões de ouro e trocou os bois por ouro. Mais adiante encontrou uns homens que iam carregando uma rêde com um defunto. Pedro perguntou quem era, disseram-lhe que era uma moça. Elle pediu para ir enterral-a e elles deram. Logo que os homens se ausentaram, elle tirou a moça da rede, encheu-a de bastante ouro e enfeites, e foi ter com ella nas costas a casa de um homem rico que havia alli perto. Pediu rancho, e disse ás filhas do tal homem que aquella era a filha do rei que estava doente, e elle andava passeando com ella, e pediu que a fossem deitar. Foram levar a moça para uma camarinha indo Malas-Artes com ella, dizendo que só com elle ella se accommodava. Deitou a moça defunta na cama e retirou-se, dizendo ás donas da casa: «Ella custa muito a dormir, ainda chora como se fosse uma criança, quando chorar mettam-lhe a corrêa.» Alta noite, Pedro foi e se escondeu debaixo da cama onde estava a morta e pôz-se a chorar como menino. As moças da casa suppondo ser a filha do rei, deram-lhe muito até ella se calar, que foi quando Pedro se calou. Depois elle escapuliu e foi para seu quarto. De manhã elle pediu a moça, que queria ir-se embora. Foram vêr a filha do rei, e nada de a poderem acordar. Afinal conheceram que estava morta, e vieram dar parte a Malas-Artes. Elle pôz