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gento verde disse que se atrevia a subir e a descer as escadas de palacio montado no seu cavallo a toda a bride, dançando e atirando para o ár tres limas e todas tres cahirem n'um copo.» O rei ficou muito admirado e mandou chamar Sargento verde, e contou-lhe o caso. O Sargento respondeu: «Saberá rei meu senhor que eu não disse tal; mas como a rainha minha senhora disse, eu vou fazer.» Sahiu muito triste, e foi ter com o seu cavallo e lhe contou tudo; o cavallo disse que elle não se importasse, que no dia marcado fosse sem medo.

No dia marcado Sargento verde apresentou-se e andou pelas escadas a cavallo, correndo para cima e para baixo, dançando e atirando para o ár tres limas e aparando todas tres n'um copo. Houve muilo viva, e a rainha ficou desesperada. Passaram-se dias; indo o rei passear de novo com Sargento verde no jardim, ao passar elle pela rainha, ella lhe disse: «Olha que lindos olhos e que lindo corpo para divertir comtigo!» — «Não sou falso a meu rei,» foi o que elle disse. A rainha, despeitada ainda mais, levantou-lhe outro aleive, que foi: «Saberá vossa real magestade que Sargento verde disse que era capaz de plantar na hora do almoço uma bananeira no chão do palacio, e, quando fosse na hora do jantar, estar ella deitando cachos com bananas maduras.» O rei mandou chamal-o e perguntou-lhe se elle se atrevia a tanto, e elle deu egual resposta á primeira e sahiu vexado e foi ter com o seu cavallo, que o animou muito. No dia seguinte, na hora do almoço do rei, Sargento verde levou um filho da bananeira, que na hora do jantar estava cahindo de carregado de bananas madurinhas. Houve muito viva e muita saude, e a rainha ficou ainda mais desesperada. Passados dias houve novo passeio do rei e do Sargento no jardim, e novo offerecimento da rainha, e egual resposta do moço. A rainha àrmou-lhe novo aleive, que foi: «Saberá vossa real magestade que Sargento verde disse que se animava a