Página:Contos Populares do Brazil.pdf/70

Wikisource, a biblioteca livre

ella; e, como palavra de rei não volta atraz, a moça ficou muito desgostosa e vivia chorando. Foi ter com Labismina na praia do mar; gritou por ella, e a cobra veiu. Maria contou-lhe o caso, e a cobra respondeu: «Não tenha medo; diga ao rei que só casa com elle, se elle lhe der um vestido da côr do campo com todas as suas flores.» Assim fez a princeza, e o rei ficou muito massado; mas disse que iria procurar. Levou n'isto muito tempo, até que afinal sempre conseguiu. Ahi a princeza tornou a ficar muito triste, e foi ter com a irmã, que lhe disse: «Diga que só casa cora elle se lhe der um vestido da côr do mar com todos os seus peixes.» A princeza assim fez, e o rei ainda mais aborrecido ficou. Levou muito tempo a procurar até que arranjou. A moça foi ter outra vez com a Dona Labismina, que lhe disse: «Diga que só casa, se elle lhe der um vestido da côr do céo com todas as suas estrellas.» Ella assim disse ao pai, que ficou desesperado; mas prometteu arranjar. Levou n'isto ainda mais tempo do que das duas outras vezes, até que conseguiu. A princeza, quando o pai lhe deu o ultimo vestido, viu-se perdida e correu para o mar, onde embarcou n'um navio que Dona Labismina tinha preparado, durante o tempo que o rei andou arranjando os vestidos. Labismina recommendou á irmã que seguisse n'aquelle navio, e saltasse no reino onde elle parasse, que n'essa terra ella encontraria casamento com um principe, e que na hora de casar, chamasse por ella tres vezes, que ella se desencantaria n'uma princeza tambem. Maria seguiu. No reino em que o navio parou ella saltou em terra. Não tendo de que viver, foi pedir um emprego á rainha, que a encarregou de guardar e criar as gallinhas do rei. Passados tempos, houve tres dias de festa na cidade. Todos de palacio iam á festa, e a criadeira de gallinhas ficava. Mas logo no primeiro dia, depois que todos sahiram, ella se penteou, vestiu o seu vestido de côr do campo com todas