Página:Contos Populares do Brazil.pdf/79

Wikisource, a biblioteca livre
ELEMENTO EUROPEU
39

ra, então, lhe pediu que, quando entrasse em casa, para não se esquecer d'ella por uma vez, não beijasse a mão de sua tia. 0 principe prometteu; mas quando entrou em palacio a primeira pessoa que lhe appareceu foi sua tia, a quem elle beijou a mão, e se esqueceu, por uma vez, de Guimara, que o tinha salvado da morte. A moça lá perdeu na terra estranha o encanto, e ficou pequena como as outras, mas sempre triste.




XII


Dona Pinta


(Sergipe)


Uma vez havia um rei que tinha seu palacio defronte de uma casa onde morava um velho que tinha tres filhas bonitas. A mais bonita de todas chamava-se Dona Pinta e o rei se apaixonou por ella.

Uma vez estando elle na varanda a querer namoral-a, ella, que estava brincando com um gatinho arribou-lhe o rabinho, e mostrou-lhe o boeiro… O rei ficou muito zangado e quiz arranjar um meio de entender-se com a moça livremente para vingar-se. Mandou chamar o pobre do velho e lhe disse que precisava que elle fosse vencer umas guerras. O velho se desculpou muito, e disse que ia fallar com suas filhas para vêr o que ellas diziam. D. Pinta lhe disse que prometesse ao rei ir, mas pedisse uma espera de alguns dias. Esta espera era para dar tempo a ella para fazer um alçapão na casa.

Passados os dias, o velho seguiu para as guerras, deixando a cada uma das filhas uma rosa, dizendo: «Quando eu voltar, cada uma ha de me apresentar a sua rosa