da obra mandou logo chamar todos os trabalhadores e deitaram o palacio abaixo para levantar outro de novo. Afinal ficou prompta a boneca de D. Pinta, e tambem o palacio do rei. Marcou-se o dia do casamento. D. Pinta, quando foi para o quarto de dormir, levou a sua boneca, que era toda o retrato d'ella: botou-a assentada na cama com um favo de mel no seio, e se escondeu debaixo da cama, pegando n'um córdãosinho que a boneca tinha e que a fazia mover com a cabeça. O rei depois entrou e dirigiu-se á boneca, pensando que era D. Pinta, dizia: «D. Pinta, tu te alembras quando teu pai foi para a guerra que eu fui três dias á tua casa, e tu, p'ra caçoares commigo, te mettias lá p'ra dentro, e não me apparecias mais?…» A boneca bolia com a cabeça. Assim foi o rei repetindo todas as pirraças que a moça lhe tinha feito, e no fim cravou-lhe um punhal no seio. O mel espirrou e foi tocar nos beiços do rei, que, sentindo a doçura, disse: «Ah! minha mulher, si depois de morta estás tão dôce, que fará quando eras viva!» E poz-se a chorar. Ahi D. Pinta pulou de baixo e apresentou-se: «Aqui estou, meu amor!» Fizeram as pazes e ficaram vivendo muito bem.
Uma vez um rei teve um filho e mandou vêr que sina o menino tinha trazido. A cigana leu a sorte e disse que o principe tinha trazido a sina de ser cornudo. O rei ficou muito desgostoso, e mandou fazer uma torre onde o menino foi encerrado, e alli foi creado, com ordem de nunca sahir d'alli, nem entrar lá mulher nenhu-