guma coisa, basta dizeres: «Peço a Deus e ao meu peixinho que me dê tal e tal, que tudo hade sahir como pedires.»
O parvo, assustado deixou o peixinho cair-lhe da mão, o qual desappareceu na ribeira. O outro rapaz bem chamava por elle para vir erguer o seu molho; elle foi, e quando viu que o molho era pesado, disse:
— Peço a Deus e ao meu peixinho que me ponha a cavallo n’este feixe de lenha.
Saltou para cima do molho, que o levou a galope pelo matto fóra e por toda a cidade até chegar a casa da mãe. O rei estava á janella do palacio, e ficou admirado; chamou a filha:
— Vem ver o parvo a cavallo n’um feixe de lenha.
A princeza desatou a rir, quando o viu; mas o parvo disse baixinho:
— Peço a Deus e ao meu peixinho, que a princeza tenha um menino meu.
Tempo depois começou a princeza a padecer; todos os medicos foram de opinião, que a princeza andava occupada. O rei ficou desesperado e pediu-lhe por todos os santos que a filha lhe dissesse quem tinha sido o causante de uma tal vergonha. A princeza jurava por tudo que não sabia explicar aquillo; o rei mandou botar um pregão, de que quem viesse confessar que era pae do menino casaria com a princeza.
Depois de tempo, veiu o parvo ao palacio para fallar ao rei:
— Venho dizer a vossa real magestade, que eu é que sou o pae do menino da princeza.
O rei ficou espantado, a princeza não sabia o que estava ouvindo. O parvo contou então todo o acontecido. O rei para se confirmar disse-lhe:
— Pois pede ao teu peixinho que te faça apparecer agora aqui muito dinheiro.
O dinheiro caiu-lhe de todos os lados.