— Pede ao teu peixinho que te faça um moço muito perfeito e muito esperto.
O parvo ficou logo mais formoso que todos os principes, casou com a filha do rei, e pela sua grande esperteza ficou governando.
(Algarve.)
Era uma vez um homem que tornou a casar, e tinha uma filha do primeiro casamento que era tratada pela madrasta mal a mais não poder. Tinham uma figueira lampa no quintal, para onde a madrasta mandava a enteada guardar os figos por causa da passarada. Quando a pequena ia para o campo, a madrasta seguia-a tambem para contar os figos, dizendo-lhe que a matava se lhe faltasse algum. Um dia veiu o milhano e comeu tres figos, por mais que a pequena o enxotasse. Quando estava já a anoitecer a madrasta veiu revistar a figueira, e deu pela falta de trez figos. Logo ali matou a enteada e a enterrou debaixo da figueira, e veiu para casa dizendo que a rapariga tinha fugido. O pae pensou que ella teria ido servir para alguma casa longe. Um dia que o pae passava por debaixo da figueira, ficou pasmado de ver debaixo d’ella muitas flores, e entre ellas um lindo botão de rosa. Foi para as colher, mas sentiu uma voz, a dizer-lhe:
Não me arranquem os meus cabellos,
Que minha mãe os creou,
Minha madrasta m’os enterrou
Pelo figo da figueira
Que o milhano levou.
Ao principio o homem ficou sem saber o que havia de fazer; mas por fim resolveu-se a fazer uma cova n’aquelle logar, para vêr que cousa era. Depois de estar já bem