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Vestiu-se de azul e cinzento e foi. Acabou-se a festa e ella tratou de fugir. O rei e os outros senhores seguiram atraz d’ella, e só o rei lhe apertou a mão, e perguntou:

— De que terra é?

— Sou da terra da bota.

E fugiu. Chegando o rei a casa, ella estava como de costume. No seguinte dia foi outra vez pedir licença ao rei, que lhe disse:

— Olha que te dou com esta verdasca.

Linda Branca foi outra vez de azul e prateado. Chegando lá, todos gostaram muito mais de a vêr. No fim da festa o rei chegou ao pé d’ella e disse:

— A senhora d’onde é?

— Sou da terra da verdasca.

Chegou-se ao ultimo dia, ella foi pedir licença para ir á festa. O rei tinha a toalha na mão, e respondeu:

— Olha que te dou com a toalha.

Linda Branca foi d’esta vez de azul e doirado. Ao sahir, o rei lhe apertou a mão e lhe perguntou:

— De que terra é?

— Sou da terra da toalha.

Não comprehendeu o rei isto, e ficou doente de pena de não saber d’onde era aquella formosura. Chegou a ponto que quiz que os seus amigos viessem passeiar á roda do palacio. Linda Branca, que sabia da doença do rei, vestiu-se com o primeiro vestido com que tinha apparecido e chegou a uma janella. Um amigo do rei viu-a:

— Oh que linda cara vi n’uma janella do palacio!

O rei olhou, mas não viu nada, e seguiu a toda a pressa para o palacio, chegou ao lado da rainha sua mãe, e disse:

— Quem está cá de fóra?

— Ninguem, senão a gente do costume.

Segundo dia, elle com os olhos a espreitar, mas descuidado, ella chegou com o segundo vestido e só os amigos do rei a viram. Correndo á maior pressa ao pa-