lhes a cada um a sua pedrinha, para se tornarem em um grande palacio quando as atirassem ao chão.
As tias estavam á janella do paço, e conheceram que eram os meninos das estrellinhas na testa, e trataram logo de vêr se os matavam. Mandaram ter com elles uma criada bruxa, que disse ao mais novinho, para entrar no jardim e apanhar um papagaio. Elle disse-lhe que não; vae o mais velho como animoso, disse:
— Pois vou eu.
E assim que entrou perdeu-se lá dentro e ficou encantado em leão. O outro quando viu que o irmão não tornava chamou pela pobresinha; ella veiu e deu-lhe uma lança, e disse:
— Vae ao jardim, e fere com ella o leão encantado.
Elle assim fez; e appareceu-lhe logo outra vez o irmão, que já tinha apanhado o papagaio. Botaram a fugir logo, e os portões do jardim fecharam-se de repente e só apanharam uma pontinha da aba do casaco de um d’elles.
A criada bruxa tinha no entretanto ido ter com a menina, e fallou-lhe em certas maravilhas da arvore que bota sangue e da agua de mil fontes. A menina pediu aos irmãos estas cousas, que eram para enfeitar os jardins do seu palacio. Cada um foi lá por sua vez e lá ficaram ambos encantados. Quando a menina viu que não tornavam, disse muito triste:
— Valha-me aqui a nossa pobresinha.
Appareceu-lhe a Nossa Senhora, que lhe ensinou como havia de ir ao jardim, e desencantar os irmãos, e enfrascar a agua de mil fontes e cortar o ramo da arvore que deitava sangue. Ella fez tudo, mas era preciso, que por mais barulho que ouvisse nunca olhasse para traz, senão ficava tambem encantada. Quando vinha com os irmãos e com as cousas que elles tinham ido buscar, era muito o barulho de vozes e só ao sair da porta é que deu um geitinho á cabeça para vêr para traz, mas foi o bastante