padre das mãos bonitas — A princeza que rompia sete pares de calçado de noite — A Branca Flôr — O filho do ladrão — O afilhado de S. João — O forte no meio do mez — O preto fingido — O monte de ouro — Sam Pedro — A vacca e o lobo — O parvo — O celleiro.» [1]
Os contos remettidos pelo sr. Dr. Ernesto do Canto, foram passados á escripta por uma criança, e traziam na redacção toda a ingenuidade da dicção popular. Cortadas as repetições usuaes, explicadas pela conhecida locução — Quem conta um conto accrescenta um ponto — fixámos uma redacção pura, sem a incongruencia do improvisador momentaneo, nem o artificio do litterato. Parece-nos este o verdadeiro meio de obter a fórma definitiva, simultaneamente ethnica e artistica do conto: fazel-os redigir por crianças, verdadeiro ponto de transição entre a alma popular e a intelligencia culta. Os contos passados á escripta por meninas adultas vêm eivados de divagações romanticas, taes como explicações dos actos, nomes de personagens e considerações religiosas. Assim encontrámos preciosos contos do Algarve, muitos dos quaes tivemos de regeitar da nossa collecção. O nosso excellente amigo Reis Damaso tambem nos descreve em uma carta o processo da investigação novellistica no Algarve, d’onde é natural: «Esqueceu-me tambem marcar-lhes a proveniencia, porque não obstante as tradições que entreguei ao meu bom amigo e mestre serem escriptas por trez senhoras, ellas não são todas da mesma terra. Acabo
- ↑ Muitos d’estes contos apparecem na tradição continental, d’onde foram colligidos para os Contos populares portuguezes, Lisboa, 1879; taes são: José pequeno (n.o 21), Maria Subtil (n.o 42), Duqueza (n.o 60), O filho da burra (n.o 22), Branca Flôr (n.o 14), O afilhado de S. João (n.o 19), Sam Pedro (n.o 28). Além d’estes, não incorporamos outros, posteriormente publicados na citada collecção de 1879, como: A cobra que ia dar destroço á cidade (n.o 49), O passo franco gallante (n.o 27), Os trez irmãos que iam vender fructa á cidade (n.o 45), Carvoeiro que vende as trez filhas (n.o 16), Pedreiro que foi pedir obra ao rei (n.o 24), Maria das Silvinhas (n.o 58).