— Que fazes por aqui, franguinho de vintem?
— Com eu ser franguinho de vintem talvez me não tema de ti.
O gigante atira-lhe um pescoção, e o menino agarrou-se-lhe ás gadelhas e traçou-lhe o pescoço. Viu então muitas riquezas, e correu a dar parte á mãe, para irem para lá viver; a mãe disse-lhe que fosse dar parte ao rei. Ora o rei, pasmado da valentia do pequeno, perguntou:
— De quem és tu?
— Eu, senhor, sou filho de uma princeza, que fugiu com um duque, de uma torre em que estava fechada.
E como ia contando o acontecido, o rei interrompeu-o, dizendo:
— Pelo que percebo, então és meu neto. Onde está tua mãe?
— Senhor, está n’uma pobre cabana de palha.
E mandou-a buscar, para ella vir para o palacio, onde houve muitas festas. Ora o menino pediu ao avô para ir com uma força ás taes casas dos ladrões buscar aquelles grandes maçames que lá vira. Assim foi; e correndo todos os quartos ajuntou todos os empregos que ali havia de ouro e prata tudo n’um monte, pegaram a carregar quanto poderam, e mandou escangalhar as casas para não servirem mais de covil dos ladrões.
Por morte do avô foi o menino rei, e lá está vivendo muito bem.
(Ilha de S. Miguel — Açores.)
Havia um principe, que foi passear; no meio de uma estrada encontrou uma velhinha, e o principe pediu á velha a sua benção. Ella deu-lhe trez nozes, e lhe disse:
— Meu principe, não partas estas nozes senão perto de agua.